A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) informou, em ofício enviado ao MPF (Ministério Público Federal) nesta 3ª feira (19), que adiou de fevereiro para março a previsão de entrega das primeiras doses da vacina Oxford/AstraZeneca que serão produzidas no Brasil.
A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, que teve acesso ao documento. O adiamento se deve ao atraso da chegada de insumos para a produção da vacina que deverão vir da China.
O MPF acompanha as estratégias de vacinação contra a covid-19 no país. Em 11 de janeiro, o órgão solicitou à presidência da Fiocruz esclarecimentos sobre o cronograma de entrega tanto dos 2 milhões de doses prontas que serão importadas da Índia quanto do quantitativo que terá sua fabricação finalizada no Brasil pela Fiocruz, a partir da importação do IFA (ingrediente farmacêutico ativo) de uma parceira da AstraZeneca na China.
Em resposta, a Fiocruz diz que o primeiro lote do insumo tem chegada prevista para 23 de janeiro. No entanto, a Fiocruz está “ainda aguardando confirmação”. Informa ainda que as primeiras doses produzidas com essa matéria-prima deverão ser entregues ao Ministério da Saúde somente no início de março.
O documento é assinado por Mauricio Zuma Medeiros, diretor do Instituto Biomanguinhos, produtora de imunobiológicos da Fiocruz.
Zuma justifica ser necessário mais de um mês para o fornecimento das doses pois, além do tempo de produção do imunizante a partir da chegada do insumo, as doses fabricadas nacionalmente precisarão passar por testes de qualidade que demorarão quase 20 dias.
“Estima-se que as primeiras doses da vacina sejam disponibilizadas ao Ministério da Saúde em início de março de 2021, partindo da premissa de que o produto final e o IFA apresentarão resultados de controle de qualidade satisfatórios, inclusive pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde). Importa mencionar que o período de testes, relativos ao controle de qualidade, está estimado em 17 dias, contados da finalização da respectiva etapa produtiva, acrescidos de mais 2 dias de análise pelo INCQS”, diz o diretor no ofício.
A mudança deve atrasar a execução do plano nacional de imunização contra a covid-19, que já sofre com incertezas quanto à importação dos insumos para a produção da Coronavac, que devem vir da Índia.
O ofício deixa claro ainda que se o insumo necessário para produção da vacina não chegar em janeiro, ou se as doses não passarem nos testes de qualidade, o prazo de entrega da vacina pode ser esticado ainda mais.
Procurada pelo Poder360, a Fiocruz ainda não se manifestou sobre o adiamento. Ao jornal O Estado de S. Paulo, a fundação informou que afirmou que a carga de insumos está “pronta para embarque”, aguardando liberação de autorização governamental para exportação e que ainda não é possível confirmar a data de chegada do IFA. “As instalações da Fiocruz estão prontas para iniciar a produção, apenas aguardando a chegada desses insumos”, disse.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, a AstraZeneca afirmou que “está trabalhando atualmente para apoiar o desenvolvimento da produção no Brasil de 100,4 milhões de doses da vacina e liberar os lotes planejados de IFA para a vacina o mais rápido possível”.
ENTREGA DE FORMA ESCALONADA
O ofício também traz a informação de que os lotes de insumos serão entregues de forma escalonada, a cada duas semanas, num total de 30 remessas com insumos suficientes para a produção dos 100,4 milhões de doses.
“A chegada do primeiro lote do IFA está prevista para o dia 23/01/2021, mas ainda aguardando confirmação, e, a partir desta data, serão entregues mais 30 (trinta) lotes, em intervalos de 2 semanas, resultando na quantidade suficiente para a produção de 100,4 milhões de doses da vacina acabada”, diz.
A Fiocruz também afirma já estar com uma linha de envase pronta para entrar em funcionamento a partir da chegada do insumo e que uma 2ª linha entrará em operação em março.
DOSES DA ÍNDIA
No ofício enviado ao MPF, a Fiocruz informa ainda não saber a data de envio dos 2 milhões de doses prontas que serão importadas do Serum Institute da India.
Nesta 3ª feira (19), o governo da Índia divulgou que começará a enviar as vacinas produzidas no país para uma lista de nações vizinhas e parceiras a partir de 4ª feira (20.jan). O Brasil, que espera receber 2 milhões de doses do imunizante ainda não aparece na relação.
A importação de doses prontas foi uma estratégia adotada pelo Ministério da Saúde para tentar antecipar o início da vacinação com o imunizante de Oxford/AstraZeneca. A estimativa era de que as doses chegassem ao Brasil no sábado, mas a operação foi frustrada pelo governo indiano, que não autorizou o envio da remessa.
“No presente momento, não é possível precisar a data de chegada das doses da vacina Covishield aqui no Brasil. Isto porque, embora a carga contendo essas doses já esteja disponível, negociações diplomáticas, entre os governos da Índia e do Brasil, ainda se encontram pendentes de ajuste final para autorização do processo de envio para o Brasil. Por fim, destacamos que o agente de cargas já foi contratado e aguarda apenas autorização para a operacionalização do transporte para o Brasil”, diz o ofício da Fiocruz.
Mín. 22° Máx. 30°
Mín. 22° Máx. 32°
Chuvas esparsasMín. 22° Máx. 30°
Tempo nublado