Sem aulas presenciais em 2020, estudantes relatam que se sentiram prejudicados no segundo dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Neste domingo (24), os participantes fizeram as provas de matemática e de ciências da natureza. Com isso, encerrou-se a aplicação da versão impressa do Enem, que começou no último domingo (17), com as provas de linguagens, ciências humanas e redação. Os gabaritos serão divulgados na quarta-feira (27).
“O Enem não é difícil, é uma prova fácil, mas, se não tem acesso à educação básica, qualquer prova que vá fazer vai achar difícil”, diz a estudante Suelem Carvalho, 22 anos. Moradora da Maré, o maior complexo de favelas do Rio de Janeiro, ela relata que teve problemas com a conexão da internet e não conseguiu acompanhar as aulas online. “Temos problemas de sinal da Maré e o pacote de internet não sustentava as aulas online. Ficamos muito despreparados”.
A estudante, que pretende cursar biologia, diz que só compareceu ao exame para não perder a isenção da inscrição. Os participantes isentos de pagar a inscrição do Enem perdem a isenção na aplicação seguinte caso não justifiquem a falta. O valor cobrado é de R$ 85.
Além de se sentir despreparada, o fato de fazer o exame em meio a pandemia também deixou Suelem ansiosa. “Fazendo a prova, você toca na mesa, não sabe se a limparam, toca no olho, tira a máscara para comer. Isso já pode fazer com que pegue o vírus. E, se você mesma está assintomática, pode passar para alguém”, diz.
O estudante Samuel Serra da Silva, 19 anos, também se sentiu prejudicado. Ele conta que faltou um espaço adequado em casa para estudar e que não conseguiu se adaptar ao ensino a distância. Ele pretende cursar novamente o 3º ano do ensino médio este ano, possibilidade oferecida na escola pública onde estuda no Rio de Janeiro.
Sobre as medidas de segurança, ele conta que o espaçamento entre os estudantes aumentou em relação ao primeiro dia de aplicação. “Colocaram uma cadeira vazia entre os participantes, tinha um distanciamento maior. Sobre a máscara, achei um pouco ruim para respirar, mas é normal, é assim que saímos na rua e é assim que devemos também fazer a prova. Foi tranquilo”.
Em Piracuruca (PI), o estudante Edilton Brandão de Sousa, 18 anos, diz que, em exatas, se sentiu mais prejudicado por conta da falta de aulas presenciais que em humanas. "Porque exatas exigem mais as demonstrações de cálculos. E os professores precisam do quadro para mostrar para os alunos. E nossas aulas online foram todas pelo WhatsApp", diz.
Mesmo assim, ele reconhece o esforço dos professores e diz que, de forma geral, achou "boas as questões. Havia poucas difíceis".
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